Em “Oscar: Minha Filha Quer Casar“, filme do diretor John Landis, Sylvester Stallone se arrisca no gênero da comédia ao interpretar um pomposo gângster da máfia italiana em companhia de um elenco carismático, sempre cheio de graça.
Baseado na obra teatral homônima do francês Claude Magnier, “Oscar: Minha Filha Quer Casar” data do ano de 1991 e nos conta a história Angelo ‘Snaps’ Provolone (Sylvester Stallone), um gângster que se compromete a cumprir o derradeiro desejo do seu pai de que ele abandone a vida de mafioso. Disposto a cumprir o desejo de Eduardo Provolone (Kirk Douglas), seu pai, Angelo decide seguir uma vida honesta como banqueiro (a piada já se faz presente nas entrelinhas).
A confusão na mansão e na vida de Angelo dará início no momento em que recebe a visita do seu contador Anthony Rossano (Vincent Spano), este lhe pede um aumento de salário – visto que irá se casar – e na sequência revela para Angelo que trata-se da sua filha. Irado com a revelação, Angelo vai até o quarto onde encontra-se Lisa Provolone (Marisa Tomei), sua filha, para tirar satisfação e é nessa discussão tudo ganha corpo para a sucessão atrapalhada de desencontros.
O personagem interpretado por Sylvester Stallone apesar denotar características de uma pessoa fria e cruel de um gângster, no fundo ele deixa transparecer alguns indícios característicos de um bonachão atrapalhado, tão como assemelha-se também a sua trupe de comparsas composto por Aldo (Peter Riegert), Connie (Chazz Palminteri), Schemer (Paul Greco), Ace (Joey Travolta) e Knucky (Richard Foronjy).
Os personagens apresentados ao longo desta comédia pastelão à italiana são risíveis em seus trejeitos, destaque para o professor Dr. Thornton Poole (Tim Curry) e nas palavras do próprio professor Poole, Aldo (Peter Riegert), o tesouro em anomalias linguísticas. Há ainda a presença do Padre Clemente, interpretado pelo saudoso Don Ameche.
A dupla de roteiristas Jim Mulholland e Michael Barrie entrega um script cheio de piadas e diálogos engraçados, mas que de alguma forma não é capaz de se sustentar por muito tempo em um nível elevado constante, às vezes funciona, outras vezes envergonha, assim como a atuação de Sylvester Stallone (indicado ao Framboesa de Ouro de 1992).
Dois quesitos técnicos bem trabalhado no filme remete ao figurino e design de produção, ou direção de arte. Um detalhe que não passa despercebido é a abertura em stop-motion de um boneco na boca de cena cantando “Largo Al Factotum” (O Barbeiro de Sevilha de Gioachino Rossini), performance de Earle Patriarco.
Acredito que um filme de comédia como “Oscar: Minha Filha Quer Casar” não necessita de atuações dignas de púlpitos, muito menos de um roteiro e direção impecáveis, entendo que a graça está em não ser perfeito tecnicamente, nem certinho, mas sim em fazer o que o gênero propõe, fazer-nos dar risada e gargalhar até chorar.
Apesar do diretor John Landis ter também o seu lugar entre os indicados ao Framboesa de Ouro de 1992, a adaptação dessa história no mundo dos filmes, é possível notar a dramatização do teatro presente no ritmo frenético em que os personagens se contracenam entre uma cena e outra, em um mesmo cenário.
No todo da história há um interposto de subtramas muito bem conectadas no tempo e ritmo certo do enredo, isso ganha mais valor com a edição. As várias situações presentes como os policiais investigando o vai e vem na mansão, a troca das valises, a reunião com os banqueiros, o casamento das filhas entre outras tramas uniformes. Gosto do que assisti nesta atrevida comédia dos anos 1990, considere uma dica de filme que pode ser vista em companhia da família sem nenhuma ressalva ao pudor, a não ser à presença de Sylvester Stallone.
NOTA:
Trailer
Pôster
Curiosidades sobre Oscar: Minha Filha Quer Casar
No AFI Life Achievement Award de 1991, que foi concedido a Kirk Douglas, Sylvester Stallone, em seu tributo a Douglas, relembrou a filmagem da cena em que ele bate no rosto de Stallone. Depois de um golpe e um erro, Stallone disse a Douglas, em tom de brincadeira, que lhe desse um tapa forte. “Deixe-me dar o seu melhor”, e então Douglas começou a bater em Stallone. Stallone disse: “Aprendi da maneira mais difícil: nunca treine com Spartacus”;
Uma noite, após o término das filmagens, um incêndio destruiu vários cenários, muitos dos trailers dos atores (entre eles o de Tim Curry), todos os figurinos e 21 carros antigos valiosos. A produção foi interrompida por duas semanas enquanto todos os figurinos eram refeitos. Um segurança da Universal contratado para guardar os carros admitiu mais tarde ter provocado o incêndio;
No início da década de 1980, esse filme foi originalmente proposto como outro projeto para o diretor John Landis e John Belushi, que foi escalado para o papel de Angelo “Snaps” Provolone. O projeto foi abandonado após a morte de Belushi, mas ressuscitou mais tarde, dessa vez com Sylvester Stallone no papel principal;
Aparecendo como o personagem-título Oscar, esse é o único filme de Jim Mulholland;
O clube onde Anthony Rossano C.P.A. (Vincent Spano) conta a Angelo “Snaps” Provolone (Sylvester Stallone) que conheceu sua filha se chama Club 33, que é um verdadeiro clube privado escondido na Disneylândia;
Esse filme foi baseado na peça francesa “Oscar”, de 1958, de Claude Magnier;
Esse foi o primeiro longa-metragem a ser filmado nos estúdios da MGM-Disney em Orlando, Flórida;
Kirk Douglas e Sylvester Stallone só haviam participado de um filme juntos anteriormente, e não havia sido uma experiência feliz. Douglas havia começado como Coronel Trautman em “Rambo: Programado Para Matar” (1982), mas desistiu após uma disputa sobre se Rambo deveria viver ou morrer no final. Não foi uma saída amigável;
Marisa Tomei interpretou a filha de Ornella Muti neste filme. Muti, nascido em 1955, é apenas nove anos mais velho que Tomei, nascido em 1964;
O nome do cavalo no qual um dos capangas de Snaps faz uma aposta é High Hat, o nome do cavalo montado por Harpo Marx em “Um Dia nas Corridas” (1937);
Último filme de estúdio nos EUA de Yvonne De Carlo (Tia Rosa);
Quando Anthony Rossano C.P.A. (Vincent Spano) aparece pela primeira vez na porta de Angelo “Snaps” Provolone (Sylvester Stallone), Aldo (Peter Riegert) diz “é o Little Anthony” e olha para trás “e seu Imperial“. Little Anthony and the Imperials foi uma banda de rock da década de 1950;
Quando Vendetti (Richard Romanus) está prestes a sair de seu escritório para dar um golpe no Snaps, ele diz: “Peça uma pizza. Voltamos em uma hora”. A frase é uma referência ao trabalho do ator como o “Chefão” nos comerciais da Godfather’s Pizza;
Quando anunciado pela primeira vez, este seria um veículo de Danny DeVito, e Charles Crichton, recém-saído de seu sucesso em “Um Peixe Chamado Wanda” (1988), seria o diretor;
Victor Mature foi procurado para o papel de Eduardo Provolone (pai de Angelo “Snaps” Provolone);
Snaps e seus homens brincam dizendo que estiveram em Chicago pela última vez no Valentine’s Day (Dia dos Namorados), provavelmente se referindo ao Massacre do Dia de São Valentim;
O filme se passa em 1931;
O pôster é uma homenagem à cena icônica de “O Homem Mosca” (1923);
O elenco conta com dois vencedores do Oscar: Don Ameche e Marissa Tomei; e três indicados ao Oscar: Sylvester Stallone, Chazz Palminteri e Kirk Douglas;
Mark Metcalf e Peter Riegert apareceram em “Clube dos Cafajestes” (1978), também dirigido por John Landis;
Kurtwood Smith participou de “Rambo III” (1988) com Sylvester Stallone, e Ken Howard participou de “Rambo IV” (2008) com Stallone;
O personagem de Stallone menciona um disco com músicas cantadas por Cab Calloway. Cab Calloway participou de The Blues Brothers (1980), de John Landis;
John Landis produziu o filme “Os 7 Suspeitos” (1985), estrelado por Tim Curry;
Esse é o segundo filme em que Sylvester Stallone e Kurtwood Smith atuaram, sendo que o primeiro foi “Rambo III” (1988);
Oscar (1991) reúne o diretor John Landis com Don Ameche, a quem dirigiu em “Trocando as Bolas” (1983) e “Um Príncipe em Nova York” (1988);
Tim Curry e Eddie Bracken apareceram em “Esqueceram de Mim 2: Perdido em Nova York” (1992);
Embora ele morra na cena de abertura, Kirk Douglas viveu mais 29 anos após o filme. Ele morreu em fevereiro de 2020, aos 103 anos.
Ficha técnica
Diretor: John Landis.
Roteiro: Claude Magnier, Michael Barrie e Jim Mulholland.
Produtores: Leslie Belzberg, Alex Ponti e Joseph S. Vecchio.
Diretor de fotografia: Mac Ahlberg.
Editor: Dale Beldin.
Design de produção: Bill Kenney.
Figurino: Deborah Nadoolman.
Cabelo e maquiagem: Ron Berkeley, Frank Griffin, Gary Liddiard, Robert L. Stevenson, Bruce Wayne e Joy Zapata.
Música: Elmer Bernstein.
Elenco: Peter Riegert, Chazz Palminteri, Joey Travolta, Paul Greco, Sylvester Stallone, Richard Foronjy, Yvonne De Carlo, Don Ameche, Richard Romanus, Arleen Sorkin, Eddie Bracken, Tony Munafo, Robert Lesser, Art LaFleur, Kurtwood Smith, Vincent Spano, Joycelyn O’Brien, Marisa Tomei, Martin Ferrero, Harry Shearer, William Atherton, Mark Metcalf, Ken Howard, Sam Chew Jr., Elizabeth Barondes, Ornella Muti, Sal Vecchio, Tim Curry, Danny Goldstine, Kai Wulff, Linda Gray, Marshall Bell, Tom Grant, Louis D’Alto, Rick Avery, Jim Mulholland, Joe Dante, Kirk Douglas, Jim Abrahams, Sam Bauso, Leesa Castaneda, Tino Insana, Polli Magaro e Sal Mazzotta.
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