Resenha do Filme Toc Toc (2017, Vicente Villanueva)

Vicente Villanueva nos entrega no filme “Toc Toc” (2017) a sua versão cinematográfica do mundo interior barulhento e inquieto de quem enfrenta o TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo). Uma forma humorada de educar sobre a doença.


A história de “Toc Toc” teve sua estreia como uma peça de teatro em 2005, através do diretor francês Laurent Baffie. Em 2017 o cineasta espanhol Vicente Villanueva resolveu adaptar para a linguagem do cinema.

O filme “Toc Toc” mostra um grupo de pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)  que ao chegarem ao consultório do Dr. Palomero descobrem que todos foram marcados para o mesmo horário, devido a um erro no software de agendamento. Mesmo com o atrasado e sem previsão de chegada do doutor, os pacientes resolvem aguardar na sala de espera, uma situação desagradável e estressante. Confinados em um mesmo ambiente, eles começam a organizar um grupo para que todos possam se apresentar, expor o tipo de TOC e então todos irão propor uma maneira de cada um enfrentar o seu Transtorno Obsessivo-Compulsivo.

Personagens reunidos na sala de espera.
O grupo está reunido na sala de espera conversando sobre a síndrome de Tourette do personagem Federico.

A direção do diretor Vicente Villanueva consegue captar e transmitir com excelência e de maneira respeitosa e até educativa, sustentada na linguagem do humor, o que é o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, como essa perturbação mental influencia o dia a dia da pessoa e a faz sofrer com seus pensamentos obsessivos e suas ações compulsivas. O cineasta nos faz ver e entender o quanto é difícil e incontrolável a batalha daqueles que vivem com o TOC.

O elenco conduz com competência as suas interpretações, eles conseguem demonstrar os sintomas de cada personagem de uma maneira realista e que não sofre menosprezo. Não há no roteiro qualquer falta de respeito quanto às falas e às piadas interpretadas, o que valoriza ainda mais a importância educativa do filme para àqueles que desconhecem a doença e  seus sintomas.

Os personagens posam para uma selfie.
Os personagens Lili, Emilio, Otto, Blanca, Ana María e Federico posam para uma selfie.

 Um pequeno detalhe bem pensado e representado é visto no título do filme: “Toc Toc”. A repetição do acrônimo TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) pode ser interpretado como um dos sintomas: a repetição, característica presente no ato compulsivo, representado no filme pela personagem Lili (Nuria Herrero) que possui uma necessidade incessante de repetir palavras, frases, histórias e até sílabas.

 Além da personagem citada acima, temos o Federico (Oscar Martínez) e sua síndrome de Tourette, a assistente de laboratório Blanca (Alexandra Jiménez) tem pânico de micróbios (misofobia ou germofobia), o taxista Emilio (Paco León) possui o transtorno obsessivo de calcula tudo a sua volta (aritnomania), o tempo todo e também um acumular coisas, Ana María (Rossy de Palma) seu TOC consiste em conferir várias vezes uma ação, além de se benzer o tempo todo e possuir pensamentos obscuros, por último temos Otto (Adrián Lastra) com sua obsessão por organização e simetria, e não consegue pisar em listras.

Ao longo das aventuras e desventuras do divertido grupo formado por portadores de TOC, nós vamos aos poucos sendo transportados do nosso universo para o mundo particular e cheio de complexidades que se apresentam em sintomas capazes de dominar a vida da pessoa.

Apesar de Toc Toc ser um filme de comédia, o tema explorado – mesmo que superficialmente – é um assunto muito sério e a pessoa com esse transtorno deve procurar ajuda e acompanhamento médico, pois os sintomas podem levar à ansiedade, baixa auto-estima e depressão. No extremo, estudos apontam risco de suicídio.

NOTA: Nota do crítico - 5 estrelas (excelente!)

 

Trailer

Pôster

Pôster do filme "Toc Toc" (2017)

Curiosidades sobre Toc Toc

  • O nome de cada personagem tem algo a ver com sua falha;
  • O filme foi dublado em espanhol latino, embora o idioma original seja o espanhol castelhano;
  • Esse é o terceiro filme estrelado por Alexandra Jiménez e Paco León. Anteriormente, eles trabalharam juntos em “Kiki: Os Segredos do Desejo” (2016) e “Embarazados” (2016);
  • A foto que a recepcionista Tiffany (Inma Cuevas) tem em sua mesa é do curta-metragem “Meeting with Sarah Jessica” (2013), de Vicente Villanueva. Inma Cuevas também estrelou esse filme;
  • TOC é o termo espanhol (e também português brasileiro) para “Transtorno Obsessivo-Compulsivo”; TOC em inglês.

Ficha Técnica

Diretor: Vicente Villanueva.
Roteiro: Laurent Baffie e Vicente Villanueva.
Produtores: Maria Contreras, Mercedes Gamero, Mikel Lejarza, David Naranjo e Gonzalo Salazar-Simpson.
Diretor de fotografia: David Omedes.
Editor: Alejandro Lázaro.
Gerenciamento de Produção: Sara de la Fuente Monedero, Rubén Liñán, David Ocaña e Francisco Villasante.
Figurino: Cristina Crespillo.
Cabelo e maquiagem: Paula Cruz.
Música: Antonio Escobar.
Elenco: Paco León, Alexandra Jiménez, Rossy de Palma, Nuria Herrero, Adrián Lastra, Oscar Martínez, Inma Cuevas, Ana Rujas, Carolina Lapausa, Iris Solís, Paqui Horcajo, Pepa Gracia, Inmaculada Gamoneda, Maty Gómez, Blanca Gil, Carlos Niño, Violeta Mateos, Iván Cózar, Ángel Ruiz, Cecilia Solaguren, Lita Terán, Luis Ureña, Verónica Forqué, Miguel Rellán, Bárbara Santa-Cruz, Daniel Grao, Arturo Valls, Marta Hazas, Misho Amoli, Toni Balach e Pablo Posada Ávalos.

4 comentários em “Resenha do Filme Toc Toc (2017, Vicente Villanueva)”

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