Filme "Entrevista com o Demônio" (2023), Cameron Cairnes e Colin Cairnes.

Resenha do filme Entrevista com o Demônio (2023, Cameron Cairnes e Colin Cairnes)

No filme “Entrevista com o Demônio” (Late Night with the Devil) os irmãos Cairnes dirigem este terror à época e à estética dos anos 1970. O cenário é o de um programa de talk show apresentado pelo radialista Jack Delroy (David Dastmalchian), um homem viúvo e que está com a audiência do seu programa “Night Owls with Jack Delroy” em queda livre. Depois de várias tentativas frustradas para alavancar a popularidade do programa, em plena semana da avaliação de audiência, que tem início na noite de Dia das Bruxas de 1977, Delroy prepara um especial (‘Late Night with the Devil’) fadado a virar o jogo da audiência, ou acabar de vez com tudo.


O episódio em especial traz ao palco convidados do mundo obscuro como o médium Christou (Fayssal Bazzi) e o Sr. Carmichael Haig (Ian Bliss), uma das principais vozes do ceticismo. Este permanece no palco com as próximas convidadas a serem sabatinadas: a Dra. June Ross-Mitchell (Laura Gordon) e a jovem inspiração do seu livro “Conversations with The Devil”, Lilly (Ingrid Torelli) – a única a sair viva de uma seita satanista e que desde então encontra-se possuída pelo demônio Abraxas -, esta será o meio pelo qual o entrevistado da noite se manifestará das profundezas do inferno.

É durante a entrevista com a Dra. June e Lilly que o cético Sr. Carmichael vai provocá-las a mostrar para ele e para toda a audiência que de fato o demônio se manifesta através da jovem Lilly – provocação que também será instigada insistentemente pelo anfitrião, que enxerga na possessão demoníaca, televisionada no palco do seu programa, ao vivo, uma oportunidade espetacular para alavancar a audiência do talk show (e ironicamente a salvação da sua carreira), mesmo após testemunharem manifestações físicas em objetos presentes no cenário.

Lilly com o seu olhar vazio encara a câmera.
Dra. June Ross-Mitchell, Jack Delroy e Carmichael Haig observam Lilly, enquanto ela fixa o seu característico olhar assustador para a câmera.

Fica óbvio, a partir das provocações de Jack Delroy e principalmente do cético Carmichael Haig, que a qualquer momento a manifestação do Sr. Torto (nome que Lilly deu ao ‘seu’ demônio) será presenciada por todos e nem precisará esperar que a sua própria tutora evoque a entidade. A parapsicóloga June parece não ser a única que não quer ver novamente o “coisa ruim” em posse do corpo da menina – o assistente de palco Gus McConnell (Rhys Auteri) também demonstra total desinteresse de presenciar a possessão ao vivo, mas infelizmente nem tudo é como a gente quer, pobre Gus.

A história é narrada dentro dos gêneros mocumentário (‘mock’ de falso + ‘documentary’ de documentário) e found footage, a mistura desses formatos proporciona ao ficcional características visuais que fazem as imagens que compõem o filme serem oriundas do mundo real: técnica cinematográfica que escala ainda mais o terror, em especial quando se trata de uma história em que os personagens estão envolvidos em pacto e possessão demoníacas.

O que chama bastante atenção em “Entrevista com o Demônio” é a fidelidade com que os diretores Cameron Cairnes e Colin Cairnes conseguem conduzir a recriação de todo o clima de um programa de talk show setentista, graças também à colaboração do design de produção (Otello Stolfo), da direção de arte (Bob Hern) e do figurino (Steph Hooke) que resulta em um trabalho artístico próximo ao que foi apresentado lá nos programas de televisão da década de setenta. Outros profissionais como Matthew Temple (diretor de fotografia) também contribuíram, e muito, para recriar o visual vintage.

Câmera captura Jack Delroy e seus convidados no palco do talk show durante o intervalo.
Ao estilo found footage, a câmera enquadra Gus McConnell no primeiro plano. Ao fundo, Jack Delroy relaxa na companhia de seus convidados, após tensão gerada por uma manifestação ao vivo do demônio.

A escolha do elenco é assertiva quanto a escalação do ator David Dastmalchian, ele transfere ao seu personagem uma fisionomia caricata teatral que beira ao deboche egocêntrico visto em muitos artistas que apresentam esse tipo de conteúdo focado em entrevistas. A história pregressa do personagem Jack Delroy até migrar do rádio para a televisão é sinistra, uma vez que ele é membro do obscuro acampamento “Bohemian Grove”, um clube exclusivo para homens de grande influência e poder, encravado no interior do “Redwood National Park”, na Califórnia. A maneira como a sua esposa morreu traz à tona o questionamento sobre o efeito colateral quanto às cerimônias misteriosas realizadas sob as sombras da floresta californiana.

Ingrid Torelli, a atriz responsável por interpretar a garota possuída, Lilly, chama muita atenção quanto ao seu frequente olhar fixo para um horizonte vazio em meio às manifestações, ora sérias, ora revestidas de risinhos em tom de deboche. É notório que há algo fora dos padrões comportamentais de uma jovem menina vivendo na primeira metade dos anos setenta. A atriz é outra pessoa do elenco que merece ser admirada pelo trabalho realizado em cena.

Muito me decepcionou os momentos finais do filme onde Lilly está sentada de cabeça baixa chorando, enquanto o insuportável Carmichael Haig insiste em refutar o que se passa diante dos seus olhos. De repente o corpo da garota começa a emanar eletricidade até que as luzes do estúdio se apagam… quando a luz retorna ela aparece de pé com os cabelos esvoaçantes e os braços abertos recebendo mais energia elétrica, enquanto todas as pessoas ao seu redor eram jogadas contra as paredes. De imediato imaginei que o demônio tinha dado o seu lugar a uma das integrantes do X-men: Tempestade.

Por ser um filme que tem a intenção de ser retratado como se fosse um documentário, o foco prolongado dado ao contexto histórico de alguns personagens – principalmente na vida pregressa de Jack Delroy -, parece preencher um espaço que deveria ser utilizado para melhor encerrar todo o caos e a confusão em que a possessão possibilitou ao demônio criar diante dos olhos e das vidas daqueles que desafiaram a sua presença ao traumático episódio “Late Night with the Devil”.

Após toda essa confusão, acredito que Jack Delroy conseguiu a audiência que tanto fez para conseguir, infelizmente ele agora deve ao demônio o que lhe foi vendido: a sua alma.

Inté, se Deus quiser!

NOTA: Nota do crítico - 3 estrelas (regular)

 

Trailer

Pôster

Pôster do filme "Entrevista com o Demônio" (2023).

Curiosidade sobre Entrevista com o Demônio

  • O personagem Carmichael é claramente baseado (inclusive fisicamente) no James Randi da vida real. Randi era um mágico talentoso que se tornou um famoso desmascarador de médiuns e criou um instituto que oferecia uma grande recompensa a qualquer pessoa que conseguisse reproduzir seus supostos poderes paranormais em condições controladas. Durante décadas, ninguém conseguiu ganhar o dinheiro;
  • O folclore tradicional afirma que, se uma pessoa faz um contrato com o Diabo para obter bens terrenos, o Diabo vem reivindicar seu pagamento em sete anos. A “filmagem documental” no início do filme mostra Delroy no “The Grove” em 1969. Sua esposa morre em 1976 – sete anos depois;
  • Em uma entrevista de 2024 com o “The Moveable Fest”, Colin Cairnes explicou o motivo pelo qual o filme se passa em 1977: “O filme tinha que se passar em uma segunda-feira à noite, na Sweeps Week, então as apostas são altas e este é o início da semana que vai fazer ou quebrar a carreira de Jack Delroy, certo? E aconteceu que 1977 foi o único ano dos anos 70 em que o Dia das Bruxas caiu em uma segunda-feira à noite, então pensamos: “77, é bem isso, você está bem no meio disso”. Então, isso funcionou para nós”;
  • O nome do misterioso clube só para homens situado nas sequóias californianas era “The Grove”. Ele foi inspirado no “Bohemian Grove” da vida real, localizado na Bohemian Avenue, 20601, em Monte Rio, Califórnia. Os membros do “Bohemian Grove” incluem vários políticos (inclusive três presidentes dos Estados Unidos), industriais e outras figuras notáveis. Um dos verdadeiros fundadores do Grove foi Ambrose Bierce, autor de várias histórias de terror e do cínico Devil’s Dictionary (Dicionário do Diabo). Os rituais do Grove, que têm sido descritos como algo entre o ocultismo e o kitsch, incluem imagens frequentes de corujas;
  • O ator David Dastmalchian foi escalado para o papel principal e personagem central do filme, Jack Delroy, depois que os diretores do filme leram um artigo dele sobre apresentadores regionais de TV de terror, que ele havia escrito para a revista “Fangoria”. O co-diretor Colin Cairnes disse em uma entrevista com os dois diretores do filme publicada nessa revista: “Bem, quero dizer, além de reconhecer seu trabalho incrível e todos os filmes em que ele participou. Mas, um dia, abri a ‘Fango’ e li um artigo de David sobre apresentadores de filmes de terror regionais. Ao ler isso, e conhecendo seu trabalho, pensei: “Isso vai se encaixar muito bem”. Obviamente, nosso herói Jack é um apresentador de TV, então achei que haveria alguma afinidade;
  • O líder do culto, Szandor D’Abo, parece ser baseado no fundador da “Church Of Satan”, Anton Szandor LaVey;
  • O tempo de duração da sequência de abertura em preto e branco é de cerca de oito minutos. Ela foi inspirada no documentário chocante dos anos 80 “Massacre na América” (1981). As sequências posteriores em P&B no filme são os interlúdios no set e fora do ar durante os intervalos comerciais;
  • Em uma entrevista de 2023 ao “The Hollywood Reporter”, Cameron Cairnes deu detalhes sobre o cronograma de produção, o processo de filmagem e o design do filme: “Tivemos 20 dias em um estúdio, essencialmente em um local que era basicamente um cenário de 360 graus. Filmamos o filme como se fosse um programa de TV, com três câmeras funcionando o tempo todo. Havia a tentação de filmar com todas as câmeras de tubo antigas, mas com os efeitos, as exigências e tudo o mais, acabamos filmando digitalmente, mas usamos três câmeras em funcionamento o tempo todo. Para o design do cenário, a inspiração foi um monte de programas de jogos e talk shows daquele período, mas tivemos a sorte de ter um designer de produção que trabalhou naquela época na TV local daqui, incluindo um programa de música muito popular chamado “Countdown” (1974). Acho que foi muito fácil para ele criar esse design. E aquela paleta de marrons, laranjas e bege. Tudo parecia muito da época, e nós realmente aceitamos isso.”;
  • Os cineastas desse filme de terror, “The Cairnes Brothers” – Colin Cairnes e Cameron Cairnes – falaram sobre esse filme em uma declaração oficial: “Nos anos 70 e 80, havia algo ligeiramente perigoso na TV noturna. Os programas de entrevistas, em particular, eram uma janela para um estranho mundo adulto. Achamos que a combinação dessa atmosfera carregada e ao vivo com o sobrenatural poderia criar uma experiência cinematográfica assustadora e única.”;
  • O famoso romancista de terror Stephen King elogiou o filme. Ele disse: “Recebi uma cópia do filme. É absolutamente brilhante. Não conseguia tirar meus olhos dele. Seus resultados podem variar, como dizem, mas peço que o assistam quando puderem.”;
  • O nome artístico de Christou se assemelha a dois médiuns/mentalistas da vida real. Criswell (Charles Criswell King) ficou mais famoso por suas previsões bizarras (e, em sua maioria, imprecisas), enquanto The Amazing Kreskin (George Joseph Kresge) realiza apresentações de mentalismo há mais de 50 anos. Ambos fizeram várias aparições no “The Tonight Show With Johnny Carson”. Além disso, o visual de Christou tem uma semelhança passageira com Reveen, um hipnotizador australiano que era popular na década de 1970;
  • Além de James Randi, Carmichael Haig se parece com Orson Welles (ou melhor, com a aparência de Welles na época em que ele era um mosca varejeira nos programas de entrevistas noturnos). Além de ser ator e diretor, Welles era um mágico de palco habilidoso. Em uma entrevista de 1970 com David Frost, Welles contou uma história sobre seu breve período como vidente, explicando em detalhes como funciona a leitura fria. No entanto, Welles relatou que desistiu do ato psíquico quando fez uma leitura em uma mulher e descobriu que sua “leitura” era assustadoramente precisa. Welles descartou suas próprias habilidades psíquicas, mas teorizou que os médiuns profissionais podem se enganar e acreditar em seus próprios poderes;
  • Embora se passe na cidade de Nova York, o filme foi filmado no “Dockland Studios”, em Melbourne, Austrália;
  • Os episódios específicos do “The Don Lane Show” (1975) que inspiraram esse filme de terror foram os que apresentavam Uri Geller e Doris Stokes;
  • A filmagem de uma equipe da SWAT em ação (~37:00) é uma filmagem real da tentativa do LAPD (Los Angeles Police Department) de cumprir mandados na 1466 East 54th Street contra pessoal do “Exército Simbionês de Libertação” (Symbionese Liberation Army – SLA), domingo, 19 de maio de 1974, que terminou em uma autoimolação ao estilo Branch-Davidiano; o SLA foi o grupo que sequestrou e “fez lavagem cerebral” na herdeira de Hearst, Patty Hearst, para se juntar a eles durante vários assaltos a banco à mão armada (ela acabou sendo condenada, cumpriu pena e foi perdoada após ser libertada pelo presidente dos EUA, Jimmy Carter);
  • O filme rendeu US$ 666.666 no domingo, 24 de março de 2024, nas bilheterias, de acordo com a distribuidora. É bem provável que não tenha sido uma coincidência, pois os números da bilheteria podem ser manipulados em cerca de 5% pelo distribuidor para compensar as receitas não monitoradas pela Rentrak;
  • Quando a Dra. June Ross-Mitchell está tentando exorcizar o demônio Abraxas de Lilly, ela ordena “vade retro Satana”. É uma citação do latim usada em exorcismos, que significa “para trás de mim, Satanás” como uma exortação para mantê-lo longe;
  • O talk show noturno do filme foi inspirado no “The Don Lane Show” (1975). O jornal australiano “The Sydney Morning Herald” noticiou em 2 de junho de 2023 que o filme ”… se inspira no americano Don Lane e em seu talk show australiano noturno homônimo “The Don Lane Show” (1975);
  • Estreia no cinema da atriz Ingrid Torelli, que interpretou a sobrevivente do culto satânico Lilly D’Abo;
  • O filme, que se passa no “Dia das Bruxas”, teve duas exibições em festivais de cinema realizadas no Dia das Bruxas de 2023: O “Festival de Cinema de Mumbai”, na Índia, e o “Festival Internacional de Cinema de Brisbane”, na Austrália;
  • Ian Bliss, que interpretou Carmichael Haig, foi originalmente contratado para interpretar outro personagem depois de ter sido contratado para ser um leitor de elenco. Bliss teve apenas quatro dias para se preparar para o papel de Haig, pois o ator original se retirou no último minuto;
  • O demônio Mr. Wriggles é “uma referência ao Capitão Howdy de “O Exorcista” (1973)”, de acordo com Nikki Baughan no site “Screen Daily”;
  • Originalmente aprovado como uma produção para a “Fangoria Presents” em 2020 pelo executivo criativo Preston Fassel como um recurso em potencial para a empresa após a quarentena da COVID-19. Logo após a aprovação de Fassel, a empresa foi vendida devido à controvérsia envolvendo executivos de produção, conforme detalhado em um artigo do “Daily Beast”. Nos anos seguintes à venda da “Fangoria”, Fassel continuou a defender o roteiro, inclusive citando-o em um artigo sobre os melhores roteiros não produzidos que ele já havia lido. Ironicamente, foi um artigo de David Dastmalchian publicado na ressuscitada “Fangoria” que levou à produção do filme;
  • Terceiro longa-metragem escrito e dirigido pelos cineastas australianos de terror The Cairnes Brothers – Colin Cairnes e Cameron Cairnes. Suas duas primeiras filmes foram “Scare Campaign” (2016) e “100 Bloody Acres” (2012);
  • Os cortes e as mensagens de rede “já voltamos” foram feitos com IA (Inteligência Artificial);
  • O logotipo da rede “UBC” é muito parecido com o da “ABC” (The American Broadcasting Company). A rede nacional de televisão da Austrália também é conhecida como “ABC”, mas tem um logotipo muito diferente;
  • O cartão “Technical Difficulties” (Dificuldades técnicas) que aparece é muito semelhante a uma identificação de estação que a “KCOP-TV” de Los Angeles usava no final da década de 1970;
  • O filme faz uma grande homenagem ao clássico “Rede de Intrigas” (1976), de Sidney Lumet, que ganhou quatro Oscars em 1977, ano em que a história se passa. Alguns elementos emprestados: a crítica à televisão sangrenta e as entranhas e a competição pelas classificações; o estilo de narração usado em sua introdução, mostrando a queda precoce do herói e seu declínio em popularidade (ambos são apresentadores de TV); e os nomes de redes fictícias com títulos semelhantes (UBC aqui, UBS na Rede de Intrigas (1976)); e também o estilo visual de algumas tomadas;
  • Aos 46:30, Lilly menciona Abracadabra, que também é um personagem interpretado por David Dastmalchian na série de TV “The Flash”, que se escreve “Abra Kadabra”
  • A agência de Carmichael Haig chama-se “IFSIP”, abreviação de International Federation of Scientific Investigation into the Paranormal (Federação Internacional de Investigações Científicas sobre o Paranormal);
  • O nome do programa americano noturno realizado na cidade de Nova York era “Night Owls”, também conhecido como “Night Owls with Jack Delroy”;
  • O fantasma da esposa de Jack Delroy, Minnie, pode ser visto brevemente em vários pontos do filme: 1. no final do prólogo que explica a história de Jack Delroy, ela pode ser vista (por volta de 8 minutos) em um monitor de TV atrás de Jack quando ele está apoiado na soleira da porta. 2. às 19:18, quando a vidente está falando com a mãe e seu filho, ela aparece como uma imagem fantasmagórica perto de Jack após uma falha de áudio. 3. No início do filme (por volta de 24 minutos), em um espelho nos bastidores, quando a equipe está prestes a voltar ao ar; e novamente no relógio de bolso de Carmichael, que está sobre uma mesa no set. 4. Ela também aparece (por volta de 1h17min) no palco em uma tomada rápida depois que Jack pede aos produtores que passem o playback quadro a quadro, ficando atrás dele com a mão em seu ombro e, um minuto depois, também em uma tomada rápida logo após as luzes serem apagadas;
  • Na cena em que é mostrada a adaga de sacrifício da casa dos D’abo, quando o corte volta para a mesa e os copos começam a se quebrar, é possível ver o rosto doentio da esposa de Jack na bola de cristal preta que está entre os itens da mesa;
  • No início do prólogo, Szandor D’Abo diz “So it is done” (Assim está feito). No final do filme, quando ele fica preto, no canto inferior esquerdo pode-se ler “End transmission” (Fim da transmissão), que muda brevemente para “So it is done” (Então está feito);
  • Quando Gus está conversando com Carmichael antes de ser hipnotizado, ele menciona querer manter a cabeça entre os ombros, e Carmichael promete fazê-la “girar”. Isso prenuncia a morte de Gus, já que ele é morto quando Lily vira sua cabeça, quebrando seu pescoço;
  • Em um dos primeiros intervalos comerciais, logo antes de apresentarem Carmichael, Jack diz: “Ele é só cera e não tem pavio”. Isso acontece logo antes de o personagem ser apresentado e prenuncia a cena final em que Carmichael é incendiado ou queimado por dentro por Lilly;
  • A base do enredo do filme vem de “Vigília Paranormal” (1992), um documentário falso produzido pela BBC1 em que o programa de TV homônimo fictício faz um especial de Halloween investigando um fenômeno poltergeist em uma casa de família. À medida que o programa avança, eventos sobrenaturais começam a acontecer e ficam fora de controle;
  • O segredo do apelido de Jack para sua falecida esposa Madeleine, Minnie, é revelado depois que Christou sai do set, mas durante o prólogo, na seção da aparição de Madeleine no show, é possível ver Jack murmurando as palavras “I love you too, Minnie” (Eu também amo você, Minnie);
  • Quando Gus tenta exorcizar Lilly no final do programa, ele grita para ela “The power of Christ compels you!” (O poder de Cristo te obriga!), a frase icônica de “O Exorcista” (1973);
  • Jack Delroy é vagamente inspirado em Guy Woodhouse, o personagem de John Cassavetes em “O Bebê de Rosemary” (1968). No filme de Roman Polanski, Guy é um ator que fez um acordo com um culto satânico para ficar rico e famoso (em troca de permitir que sua esposa Rosemary fosse engravidada pelo demônio);
  • O filme apresenta uma sequência com vermes saindo do estômago de um homem. Um pôster do filme tem o título em negrito na mesma fonte usada no filme de terror dos anos 1970 “A Noite em que Evelyn Saiu do Túmulo” (1971). Um dos slogans do pôster desse filme de terror anterior era: “The worms are waiting!” (Os vermes estão esperando!)’;
  • (cerca de 36 min) A história de Szandor D’Abo, seu culto satânico e como ele foi desmantelado pelo FBI é vagamente inspirada nos eventos do “Cerco de Waco”. Em 1993, de 28 de fevereiro a 19 de abril, uma seita chamada Davidians (Ramo Davidiano), liderada por David Koresh, foi sitiada na sede de sua casa em Waco, Texas, sob suspeita de tráfico ilegal de armas de fogo. O cerco terminou com a morte de 86 pessoas, incluindo Koresh e toda a seita (82 pessoas), além de 4 agentes da “ATF” (ou ‘BATFE’ – ‘Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives’);
  • O fantasma da esposa de Jack Delroy, Minnie, pode ser visto brevemente em vários momentos do filme, inclusive na marca dos 55:49. Seu rosto é sobreposto à parte de trás da cabeça de Lilly quando ela está olhando para Jack enquanto está amarrada à cadeira;
  • No início da entrevista de Carmichael Haig, ele afirma que convidou Ed e Lorraine Warren quando foi investigar na casa de Amityville, mas eles rejeitaram o convite. Ed Warren e Lorraine Warren eram investigadores sobrenaturais da vida real, fundadores da “New England Society for Psychic Research”, que em 1975 ganharam fama quando foram a Amityville (Nova York) para investigar uma atividade sobrenatural (real para os crentes, irreal para os céticos) que perturbou a família Lutz, que morou na casa por 28 dias;
  • A primeira foto da esposa de Jack, Minnie, no “noticiário” de abertura, é ela na capa de um cartaz para a produção de “The Goodbye Girl”. O filme termina com Jack liberando seu espírito, essencialmente dizendo “adeus” a ela.

Ficha técnica

Diretores: Cameron Cairnes e Colin Cairnes.
Roteiro: Colin Cairnes e Cameron Cairnes.
Produtores: Joel Anderson, David Dastmalchian, Derek Dauchy, Mat Govoni, Roy Lee, John Molloy, Ben Ross, Julie Ryan, Paula Salini, Steven Schneider, Lisa Wang, Adam White e Rami Yasin.
Diretor de fotografia: Matthew Temple.
Editor: Cameron Cairnes e Colin Cairnes.
Direção de arte: Bob Hern.
Figurino: Steph Hooke.
Cabelo e maquiagem: Kat Bardsley, Shaylee Bartholomeusz, Rebecca Buratto, Elisa Clark, Josie Hanuska, Helen Magelakis, Sarah Moss, Rikki Norman, Carolyn Nott, Marie Princi, Leonie Rendell, Russell Sharp, Rachel Walton e Ellie Zuker.
Música: Roscoe James Irwin e Glenn Richards.
Elenco: David Dastmalchian, Laura Gordon, Ian Bliss, Fayssal Bazzi, Ingrid Torelli, Rhys Auteri, Georgina Haig, Josh Quong Tart, Steve Mouzakis, Paula Arundell, Tamala Shelton, Christopher Kirby, John Leary, Gaby Seow, Elise Jansen, John O’May, Clare Chihambakwe, Amelie Mendoza, Grace Cummings, Michael Ironside, Andre Switzer, Declan Fay, Milena Berhane, Leah Wilbraham, Chase Kauffman, Miranda Bloom, Mitchell Brotz, Caspian DezFouli, Rod Lara, Nicole Chapman, Steven Kwon, Imaan Hadchiti, Farhad Zaiwala, Jarrad Pidoto, Paddy Shiels, Aya Cairnes, Gerasimos Grammenos, Pearl Grammenos, Adam Batt, Raoul Salter, Janine Lum, Rik Brown, Scarlett Varga, Sarah Lorey, Tiare Skeats, Anna van Guens, Arkie Simpson-Purdon, Daisy Anderson, Joel Anderson, Miles Brown, Scott Purdon, Quincy Simpson-Purdon, Jason Rout, Jeff Schwisow, Michael McArthur, Jason Marion, Déborrah Moogy Morgan, Andrew Swann, Benjamin L. Gillespie, Bruce Sandell, Dai Jones, Daniel Mougerman, Eamon McNelis, Robert Glaesmann, Stephen Grant, Stephen Purcell, Isabel Stewart, Jessirose Streker e Gonul Tuncel.

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