7 Filmes Nacionais para Assistir na Semana da Cultura Nordestina

O nordeste do Brasil é infestado por uma cultura rica em diversas expressões artísticas, farta de histórias e pessoas. E é da terra árida do sertão que brotam muitos livros e filmes originais e espetaculares.


A Região Nordeste do Brasil é um solo fértil na extração de histórias, estas são trazidas ao conhecimento popular através de pessoas detentoras de exímia criatividade e que nasceram do mesmo solo em que se passam muitas das suas histórias, o sertão nordestino. Temos hoje um número expressivo de narrativas que foram e são adaptadas das letras em tintas borradas no papel para um mundo feito de som e imagem, o cinema.

Para comemorar o dia do início da Semana da Cultura Nordestina (02/08), o “Leia e Assista” presta uma homenagem por meio de uma lista de filmes cujas narrativas tem como cenário o sertão nordestino.

Confira a seleção de filmes logo abaixo e não deixe de assisti-los.

 

O Pagador de Promessas (Anselmo Duarte, 1962)

O Pagador de Promessas é um filme do gênero drama, escrito e dirigido por Anselmo Duarte. A trama é baseada na peça teatral homônima do dramaturgo Dias Gomes.

A história se passa na década de 60 e acompanha a história do personagem Zé do Burro (Leonardo Villar), um homem humilde que tem como amigo um burro de nome Nicolau, este adoece e Zé do Burro vai para um terreiro onde faz uma promessa para a uma mãe de santo de Candomblé, caso a cura do burro seja concretizada, ele pagará a promessa: dividirá a sua terra entre os pobres e carregará uma cruz da sua casa até a Igreja de Santa Bárbara, em Salvador, onde a oferecerá ao padre (Dionísio Azevedo).

Assim que o burro é curado, o homem dá início à sua jornada para cumprir a promessa, o homem caminha com a cruz nas costas da sua propriedade até a igreja. Na sua chegada ao destino, o padre conservador recusa a cruz por se tratar de uma promessa realizada diante de circunstâncias pagãs.

Devido as várias reações contra a negação do padre, o ingênuo Zé do Burro é usado tanto pelo candomblé como pelos jornais sensacionalistas, situações que resultam em conflitos entre o sacerdote e o Zé do Burro, circunstância que culminará em um final dramático.

Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos, 1963)

A história  de Vidas Secas se passa no ano de 1941 e segue os passos Fabiano (Átila Iório), Sinhá Vitória (Maria Ribeiro), o menino mais velho, o menino mais novo e a cachorra Baleia, uma família de retirantes que enfrentam uma longa e sofrida travessia pelo árido sertão nordestino em busca de meios para garantir a sobrevivência.

No meio da aridez da caatinga, o vaqueiro Fabiano e sua família encontram um casebre aparentemente abandonado, mas que pertence ao fazendeiro Miguel (Jofre Soares). No retorno deste às suas terras, ele expulsa a família. Então, para ficarem, a família oferece seus serviços, sem saber que passarão por injustiças, mais sofrimento e miséria, o que torna um ciclo de idas e vindas carregada de miséria e sofrimento impiedoso com a esperança moribunda.

Baseado no livro homônimo de Graciliano Ramos, o filme Vidas Secas é um drama dirigido por Nelson Pereira dos Santos. É a única obra cinematográfica brasileira a fazer parte das 360 obras fundamentais em uma cinemateca, indicado pelo British Film Institute.

Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha, 1964)

O filme Deus e o Diabo na Terra do Sol não é só mais um drama, é uma obra de extrema relevância e o ponto de partida de um movimento cinematográfico brasileiro chamado Cinema Novo.

Glauber Rocha dirige o drama que conta a história do sertanejo Manoel (Geraldo Del Rey) e sua mulher Rosa (Yoná Magalhães) sofrendo sobre terras desoladas e surradas pela seca nordestina. Em uma empreitada de Manoel para conseguir um pedaço de terra, este acaba assassinando um coronel (Antonio Pinto) por conta de uma partilha de gado mal resolvida. Após a tragédia, Manuel foge para sua casa, na companhia da mulher, juntos eles resolvem ir embora dali.

Na fuga, Manoel encontra um grupo religioso liderado por Sebastião (Lidio Silva), um suposto santo que além de buscar o paraíso após a morte, lutava contra um latifundiários. Para exterminar o grupo, os latifundiários contratam os serviços mortais do temido Antônio das Mortes (Maurício do Valle).

Central do Brasil (Walter Salles, 1998)

Central do Brasil é um filme de grande expressão tanto pela sua história quanto pelos louros conquistados por diversos festivais e premiações internacionais, sem falar na atuação impecável de Fernanda Montenegro, também muito premiada mundo afora.

O enredo gira em torna dos protagonistas Dora (Fernanda Montenegro) e Josué (Vinícius de Oliveira), a primeira é uma professora aposentada que agora trabalha na Estação Central do Brasil como escritora, escrevendo cartas para pessoas analfabetas. Josué é um garoto de nove anos, pobre e que nunca conheceu o pai. Para ajudar o filho a conhecer o pai, Ana (Soia Lira) resolve contratar os serviços de Dora para enviar uma carta ao pai do menino. Porém, um acidente com a mãe faz com que Dora tome uma atitude quanto ao futuro de Josué que a faz voltar atrás. Arrependida, Dora decide levá-lo ao encontro do pai, no nordeste do Brasil.

O drama emocionante de Central do Brasil é escrita por João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein, a direção é de Walter Salles.

O Auto da Compadecida (Guel Arraes, 2000)

Baseado na peça teatral de Ariano Suassuna, O Auto da Compadecida é uma comédia dramática sobrenatural que nos mostra as aventuras da dupla João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello), o primeiro é um sertanejo pobre, muito esperto e pra lá de mentiroso, enquanto o segundo é o mais covarde e frouxo dos homens, juntos eles são capazes de criar confusões que extrapolam a vida terrena, muito disso para fazer com que Chicó se case com Rosinha (Virginia Cavendish), filha de temeroso Major Antônio Morais (Paulo Goulart).

A direção é de Guel Arraes, este também escreve o roteiro em companhia de Adriana Falcão e João Falcão. Além dos dois atores principais já mencionados, o elenco ainda conta com nomes de peso como Marco Nanini, Rogério Cardoso, Paulo Goulart, Lima Duarte, Luis Melo, Virgínia Cavendish, Diogo Vilela, Denise Fraga e Fernanda Montenegro.

6º Abril Despedaçado (Walter Salles, 2001)

A notoriedade e os convites para Rodrigo Santoro participar de produções do cinema internacional, aconteceram após interpretação do personagem Tonho. Abril Despedaçado foi indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro e no BAFTA, ganhou na categoria Melhor Direção (Festival de Cinema de Havana).

A história se passa em 1910, o cenário é a região nordeste do Brasil, o sertão, lá mora o personagem principal e sua família. Tonho (Rodrigo Santoro) é o irmão do meio dos Breves. Há uma rivalidade que prevalece por gerações – por conta da posse de terras – entre os Breves e os Ferreiras.

Todas as vinganças entre as famílias são resolvidas no olho por olho, dente por dente, o sangue rival é o troféu. Chega a vez de Tonho vingar a morte do irmão mais velho, pressionado pelo pai (José Dumont) ele vai e executa a ordem. Agora ele sabe que será o próximo a morrer. Apesar de toda a severidade que Tonho e seu irmão mais novo, Pacu (Ravi Ramos Lacerda), são criados, o caçula possui uma amor que reflete em Tonho e o faz questionar e pensar sobre o seu destino. O questionamento se torna mais pertinente quando Clara (Flavia Marco Antonio) entra na história, uma garota incrível que chega ao vilarejo na companhia de um circo.

O drama nacional é baseada no romance do escritor albanês Ismail Kadare com adaptação de Karim Aïnouz e direção de Walter Salles.

Bacurau (Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho, 2019)

O último filme da lista é o mais recente e mistura diversos gêneros em sua história que contempla drama, fantasia, faroeste, terror, suspense e ficção científica. Bacurau dá nome a um povoado localizada no oeste de Pernambuco. Na placa colocada na beira da estrada de terra, que dá acesso ao povoado, anuncia: “BACURAU 17Km SE FOR, VÁ NA PAZ”, uma espécie de prelúdio para os estrangeiros que lá rumam.

Um casal de motoqueiros de trilha chegam a Bacurau causando certa desconfiança aos moradores, após deixar o povoado, a população começa a encontrar situações estranhas como perfurações de balas e corpos começam a aparecer, além de notarem a presença bem incomum de um drone.

É então que eles percebem que são alvos de estrangeiros que planejam acabar com a vida de todos os habitantes de Bacurau. A tensão crescente desperta a revolta da população que reunida, prepara um contra-ataque eletrizante e insano que abrirá um mar de sangue em plena terra seca do sertão.

Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles são os responsável pela direção e pelo roteiro. O elenco conta com atores conceituados como a brasileira Sônia Braga e o alemão Udo Kier, nome conhecido pelas atuações em filmes de terror e exploitation.

Bacurau tornou-se o segundo filme brasileiro da história a conquistar o Prêmio do Júri no Festival de Cannes (2019), a primeira produção brasileira a ser laureada em Cannes foi “O Pagador de Promessas” (Anselmo Duarte, 1962), que aliás faz parte desta lista de filmes que se passam no nordeste brasileiro.

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